Upadhātu: os tecidos secundários Ayurveda Ricardo Barreto

आयुर्वेद – Upadhātu: os tecidos secundários

A maioria das pessoas que estudam o Ayurveda familiariza-se com os sete dhātu — os tecidos primários que formam e mantêm o corpo: rasa, rakta, māṃsa, meda, asthi, majjā e śukra. Estes tecidos são descritos como os blocos de construção fundamentais da fisiologia humana, e por boas razões. Mas há outra camada neste sistema que merece mais reconhecimento: o upadhātu.

Upadhātu pode traduzir-se como “tecido secundário”, o que infelizmente os faz parecer insignificantes. São tudo menos isso. Estes tecidos são criações intencionais da inteligência inerente do corpo, formadas pelo metabolismo do corpo. 

Pequeno em Tamanho, Não em Importância

O Ayurveda descreve como cada dhātu nutre o seguinte numa sequência ordenada. Durante esta transformação contínua, os tecidos secundários emergem naturalmente. Podem existir em quantidades modestas, mas as suas funções estão longe de ser modestas. A qualidade e a condição destes tecidos revelam a eficácia com que os tecidos primários estão a desempenhar o seu trabalho.

Veja-se o rasa dhātu (os fluidos circulantes do corpo) como exemplo. Quando saudável e abundante, produz leite materno (stanya) e sangue menstrual (ārtava). 

Não são efeitos secundários, são indicadores de um sistema a funcionar com precisão e inteligência. Quando estão ausentes, são insuficientes ou irregulares, sinalizam problemas mais profundos na forma como o organismo está a processar e a distribuir os nutrientes.

O Elenco de Personagens

Diferentes autores interpretaram estas ligações de diferentes maneiras mas 

  • Do rasa dhātu surgem a stanya (leite materno) e a ārtava (sangue menstrual)
  • Rakta dhātu dá origem à sira (vasos sanguíneos), e kaṇḍara (tendões)
  • Māṃsa dhātu produz tvak (pele) e vasa (gordura muscular)
  • Meda dhātu cria snāyu (ligamentos) e (sandhi) articulações
  • Asthi dhātu forma danta (dentes) * 
  • Majjā dhātu gera keśa (cabelo) *
  • Śukra dhātu produz ojas *

Nada disto é secundário, upadhātus contribuem ativamente para a saúde, demonstrando o quão bem o corpo converte a nutrição em estrutura, força e força vital.

* de acordo com um texto mais recente os textos mais clássicos não descrevem upadhātu para asthi, majja e śukra.

O que se perde na tradução

Na educação ayurvédica típica, a maior parte da atenção volta-se para os sete dhātu primários, e é aí que a conversa termina. A medicina moderna também reconhece muitos destes tecidos secundários, mas trata-os como estruturas isoladas, em vez de expressões de processos metabólicos subjacentes. De qualquer forma, os upadhātu, muitas vezes permanecem invisíveis nas discussões sobre saúde.

Esta omissão tem consequências. Como estes tecidos estão tão intimamente ligados ao dhātu original, revelam frequentemente desequilíbrios precocemente, por vezes bem antes de surgirem problemas mais evidentes. As menstruações irregulares não são apenas um problema ginecológico; são um alerta precoce sobre a função do rasa dhātu. As alterações na qualidade da pele podem indicar problemas com o māṃsa dhātu antes que qualquer outra coisa pareça errada.

Nas Entrelinhas

Compreender os upadhātus muda a forma como interpretamos as mensagens do corpo. A saúde não se refere apenas aos principais tecidos que conhecemos primeiro. Trata-se também destas expressões mais silenciosas e subtis que nos mostram como todo o sistema funciona em conjunto.

Da próxima vez que pensar na sua saúde, observe o que estes tecidos lhe estão a dizer. A sua pele, o seu ciclo menstrual, a produção de leite materno, a condição dos seus tendões. São os dhātus a falar. Quando aprendemos a sua linguagem, desenvolvemos uma compreensão mais precisa, precoce e abrangente do que significa realmente ser saudável.

Ricardo Barreto

Terapeuta de Ayurveda

www.instagram.com/ricardo_ayurveda

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