Testemunhos dos alunos – Ricardo Louro

A minha jornada no Vedanta com o professor Paulo começou em 2020, fruto de uma sede insaciável de aprofundar a minha relação comigo e com o mundo que me rodeia.

Desde muito cedo comecei a sentir uma insatisfação profunda em relação aos caminhos de vida que me eram apresentados pela sociedade. Vivia com uma certeza inabalável (sabe-se lá de onde) que a vida podia ser muito mais do que aquilo que via à minha volta a acontecer, e com uma frustração extremamente dolorosa de não saber onde procurar aquilo pelo qual o meu coração ansiava. Foram anos em que andei literalmente à procura, de cidade em cidade, de estudo em estudo, de experiência em experiência, de algo que a minha mente racional não fazia a menor ideia do que poderia ser. Foram também tempos de grande tristeza e ansiedade.
Foi neste panorama emocional que, num dia em que me encontrava particularmente deprimido, surgiu na minha mente a ideia de ir a uma aula de Yoga. Fui no dia seguinte a uma aula em que de longe era a pessoa mais nova da sala. A prática não era de todo uma prática tradicional e, apesar de não me identificar com muita coisa que estava a ser dita, senti que, como o professor costuma dizer, tinha encontrado a ponta solta do novelo.

A busca continuou agora com uma direção, o Yoga e a espiritualidade indiana. A sensação de insatisfação continuava presente, embora estivesse agora concentrada neste novo mundo que tinha acabado de descobrir. Foi precisamente essa insatisfação (que hoje vejo como uma bênção) que me fez, poucos meses depois de ter começado a praticar, numa procura incansável por profundidade e autenticidade, aterrar numa escola tradicional de Ashtanga Yoga. Daí ao Vedanta foi um pulinho.
No momento em que entrei pela porta do shala foi como se tivesse reencontrado um passado há muito perdido. Tudo era simultaneamente estranho e familiar. As fotografias dos mestres, as deidades, o altar, as flores, as velas, o incenso. A prática era intensa e a professora direta e assertiva. Lembro-me particularmente da primeira vez que a professora parou a prática para recitarmos todos em conjunto, de pé, o mantra inicial, sentir o meu peito a fervilhar de devoção. Entendi que o que procurava era Deus e que estava no caminho certo para conhecê-Lo.

Escusado será dizer que mergulhei nesta tradição de cabeça. Rapidamente a minha prática ganhou um ritmo diário e os meus romances favoritos da altura começaram a desaparecer em baixo de livros de Yoga e filosofia indiana. Acabei a muito custo a licenciatura que frequentava na altura e mal tive oportunidade viajei para Mysore, Índia, onde fica a escola raiz deste sistema de Yoga que pratico. Na altura já tinha tido contacto com Vedanta, sobretudo na Internet, mas foi em Mysore que tive o primeiro contacto direto com a tradição de ensino de Shankaracarya.
Começar a estudar Vedanta foi, na verdade, uma consequência natural do meu caminho espiritual. A prática de Yoga dá-nos a força necessária para lidarmos com o que inevitavelmente vai aparecendo à superfície mas é insuficiente na altura em que precisamos de respostas.

Lembro-me que quando ouvi pela primeira vez que o guru da família Jois (família disseminadora do Ashtanga Yoga) era Sri Shankaracarya e que Pattabhi Jois (guru desse sistema de Yoga) tinha sido, antes de ensinar Yoga, professor de Advaita Vedanta no colégio de Sânscrito de Mysore, sentir que tinha encontrado a palavra que ia finalmente responder à minha crónica insatisfação espiritual.
Durante dois meses estudei, diariamente, Vedanta com um professor que também é da tradição do Swamiji, em Mysore, com certeza a de que quando voltasse a casa continuaria os estudos com o professor Paulo, que na altura só conhecia através do Instagram.

Começar esta jornada de estudos no centro Arsha Vidya foi, portanto, o culminar de toda uma busca intensiva por respostas, busca essa que provavelmente esteve sempre presente em mim, de uma forma mais ou menos consciente.
Entrei para as turmas da Bhagavadgita e da Kathopanishad e devagarinho comecei a entender a vastidão e complexidade que é a tradição védica com as suas várias disciplinas. Para conseguirmos navegar de forma segura neste oceano de conhecimento sem corrermos o risco de nos afogarmos, precisamos seguramente de alguém que já tenha feito este caminho antes de nós e que tenha conseguido chegar ao final. O professor Paulo é sem qualquer dúvida esse Yogi que, conhecendo o trajeto com todas as suas planícies e montanhas agrestes, tem o conhecimento e a compaixão necessários para guiar quem pretende seguir o mesmo trilho.

É importante salientar também que, paralelamente às aulas de Vedanta, que funcionam como uma auto-estrada rumo à Liberdade, o centro oferece uma vasta oferta de disciplinas acessórias a este conhecimento, como aulas de Sânscrito, Canto Védico ou Puja, para que não nos faltem ferramentas de imersão com o Divino, tornando substancialmente mais fácil a compreensão de que Deus e eu somos um só.

A minha gratidão ao professor Paulo e a toda a equipa do centro Arsha Vidya.

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