Escrita e(m) partilha

O tema desta semana que serviu de inspiração aos alunos é um verso da Bhagavadgītā.
आपूर्यमाणमचलप्रतिष्ठं समुद्रमापः प्रविशन्ति यद्वत् ।
तद्वत्कामा यं प्रविशन्ति सर्वे स शान्तिमाप्नोति न कामकामी ॥ २.७० ॥

āpūryamāṇamacalapratiṣṭhaṁ samudramāpaḥ praviśanti yadvat |
tadvatkāmā yaṁ praviśanti sarve sa śāntimāpnoti na kāmakāmī || 2.70 ||

V.2.70 – Assim como as águas entram no oceano, que permanece (sempre) 
completamente cheio e inalterado, da mesma forma todos os desejos entram 
naquele (em quem o conhecimento está bem estabelecido). Essa pessoa obtém a 
paz (mokṣa), não aquele que tem desejo pelos objetos dos sentidos."

Luminescência

Luminescência em deleite,
sobre a perfumada maresia.
Contrastantes o frio prateado
do tépido horizonte.
O olhar da sapiente idade viaja, atravessando o tempo e o espaço,
em modo de memória como um presente.
Como se a travessia permitisse
um rejuvenescimento temporário,
agitado no torpor do mar
aquecido nas tonalidades do céu.
O que somos nós
senão viajantes no tempo?
As vivências do presente
não mais que mesclas
de teletransporte
do que fomos ontem
e do que seremos amanhã.

Aluna: Carla Santos

Plenitude

Muitos acreditam que plenitude é estar
num constante estado de felicidade
desde do amanhecer
até irem se deitar!

Onde estarão a viver
no atemporal do espírito
sem nada de aversões ocorrer.

Mas eu acredito que plenitude não é isso não!
A plenitude está depois da seguinte compreensão;

Eu Sou o Absoluto,
a eternidade a fluir,
Eu Sou o Brahma vivo,
tudo que está a existir.

Então, independente do que eu estou a emanar,
a felicidade terás em mim morada e causará bem estar!

Mas isso não significa que não me possa ocorrer, momentos em que os espinhos estarão a alerta-me.
Então eu posso ser cometida por uma irritação,
uma tristeza ou mágoa que logo interpreto que não tem constância e lugar no meu coração.

O importante é a mente atravessar
e não permitir o ego cheio de desejos e aversões em ti atuar.

Eu já entendi que eu não Sou,
esses pensamentos que estão gerando dor,
tão pouco o corpo etéreo que eu estou a utilizar,
igual para a mente que as vezes estás a vagar.

Muitas pessoas estão a caminhar,
carregando fardos e muito pesar.
É devido o medo da não aceitação, de adoecerem,
de se enganarem e de serem incrédulas, desmotivação!

Mas muitos não sabem
que nada disso tem poder,
para aqueles que estão rendidos e meditando na supremacia do Ser(Brahma).

O mar no seu incondicional existir,
faço a analogia em mim.
E por me encontrar
no meu estado imutável, deixando a neutralidade fluir, experiencio a divindade emergi.
Eu sinto uma realização, sem fazer esforço, apenas em pura rendição.

Mas muitos estão a acreditar em algo progressivo
e que irá melhorar!
E isso não é Brahma não,
são regras humanas,
Terceira dimensão!

Algo simples de compreender
Provavelmente tão simples,
Que muitos acham impossível viver.

E nessa Consciência é necessário estar,
somos seres livres,
Verdades a vivenciar!

Plenitude é o poder de viver preenchido pelo Brahma verdade
que habita o teu e o meu SER!

Aluna: Aildes Andersen

Genuíno Desejo

Desejo é um arder incessante
Um movimento constante
Uma busca inquietante
Um abrir que se expande

Que tudo põe e nada enche
Verdadeiramente o coração da gente
Ponte de vista descontente
A ignorância nada preenche

Desejando a base que sustenta
Conheço, nada sai e nada entra
Se transforma, se desenha
A vida assim se alimenta

Testemunha que contempla
És paz em meio à tormenta
És existência que mudança aparenta
Mas em essência nada experimenta

Aluna: Juliana Giarola

Maré sentida

Envoltos nesta maré da vida
Ondas de desejos nos atingem
E nos cegam
Fortemente

Elevam-nos
Irrealisticamente

Salpicam-nos com gotas de promessas

Promessas doces de completude
Juras eternas de felicidade

Mas afinal é apenas uma experiencialidade
Finita
Efémera

Que nos traz um sabor amargo, salgado

Frustração latente, sentida
Por fim
Em mim

Deixo de resistir
Deixo de desejar
Deixo-me levar por esta corrente
de marés altas e baixas
Desta contínua jornada sem fim.

Aluna: Susana Santos

O Jardineiro

Dedos anónimos calejados por memórias brancas,
o Universo em cada poda e na folha seca o Infinito.
Menos humano a cada flor e mais planta a cada pensar,
corria-lhe seiva nas veias como um presente de Deus.
A sua tesoura continha o mundo que vinha e ia com a imobilidade do amor que acolhe sem prender.
Que quererá um Homem depois de conhecer o silêncio?
Sabendo-se sangue, galho e floresta continuou a podar como um pequeno aprendiz.

O Caminhante

Vai!
És o caminhante desse teu caminho…
tua jornada,
onde os pés te levam
onde deves chegar.
A um destino,quem sabe,
se longínquo ou já ali.

Em cada passo,
uma aventura,
uma história,
um personagem.

Atravessas desertos, oceanos, florestas,
onde te defrontas com todos os medos e todos os desejos.

Combates em guerras de espada
e guerras de palavras.

E,
quando por fim,
sobes a mais alta das montanhas
e sentado, em beatitude,
te deixas permear
por tudo o que te rodeia
a paz acontece,
a verdade surge.

Os dragões eram apenas moinhos de vento.

Agora,
já nada te perturba.

Aluna: Adelina Carvalho

Saudade

A minha saudade gera amor
Gera solidão
Mas também me dá a certeza que a distância nos faz estar presente consigo sem medo.
Saudade é ter sabedoria que através da verdade você pode sempre viajar e abrandar
A , de novo, saudade !

Aluna: Milene Barros

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