आयुर्वेद – Āyurveda – Detox: Sim ou Não? – Parte 2
Hoje vamos falar de pañcakarma, os 5 procedimentos.
pañcakarma é um processo de purificação que tem como objectivo eliminar os doṣas em excesso do corpo e restabelecer o equilíbrio.
Tradicionalmente estes são os 5 procedimentos
- virecana – purgação terapêutica
- vamana – vómito terapêutico
- vasti / basti – “enema” terapêutico
- raktamokṣaṇa – venecção
- nasya – instilação nasal
Cada uma destas terapias, devido à sua área de acção é considerada a melhor para cada um dos doṣas:
- nasya e vamama na zona do corpo associada a kapha
- virecana na zona do corpo associada a pitta
- basti na zona do corpo associada a vāta
Como referido anteriormente o objectivo de pañcakarma é eliminar os doṣas em excesso do corpo, vamos então ver, de acordo com os textos clássicos, quais poderão ser esses indicadores.
Entre outros, estes são alguns exemplos de sinais de doṣas agravados:
Indigestão, perda de peso excessiva, excesso de peso, anemia, sensação de peso, exaustão, fraqueza, mau cheiro do corpo, falta de energia, insónia ou sonolência excessiva, impotência, perda de força e tez apesar de uma dieta nutritiva.
Tendo em consideração alguns dos exemplos listados podemos facilmente pensar que todos nós de uma forma ou de outra estamos a precisar de pañcakarma mas na verdade estes procedimentos só deveriam acontecer se os doṣas estiverem muito agravados.
Embora pañcakarma seja, muitas vezes, promovida como experiência de spa, com pacotes na Índia de 4, 15, 20 dias, não é de facto, uma experiência muito prazerosa.
Quando é bem feito, precisa de 3 etapas
- uma etapa de preparação que normalmente passa por beber ghee/manteiga clarificada durante vários dias até chegar ao ponto de saturação e fazer várias terapias físicas de oleação e sudação.
- uma etapa onde se aplicam os procedimentos de pañcakarma necessários que podem e normalmente deixam a pessoa fraca e com a digestão prejudicada
- uma etapa pós tratamento que visa e trazer ao corpo força e vitalidade, e este é considerado o passo mais importante com reintrodução alimentar, rotinas diárias e formulações medicinais direccionadas ao rejuvenescimento.
Se o processo de pañcakarma for bem sucedido na remoção dos doṣas em excesso do corpo e o restabelecimento do poder digestivo as doenças devem pacificar, a saúde da pessoa deve ser estabelecida, deve haver melhora a nível dos órgãos dos sentidos, da mente, intelecto e compleição, a pessoa deve sentir-se rejuvenescida. Da mesma forma, se o processo for feito de forma inadequada ou de forma excessiva claro, terá os resultados opostos aos benefícios.
Então existem então algumas considerações a fazer.
O āyurveda é de facto a favor da purificação do corpo. Esta purificação pode ser feita de forma mais solta com algum controle de alimentação, exercício físico e uso de substâncias que ajudem nesse processo (como referido no artigo anterior) ou, como vimos hoje por um processo de pañcakarma que embora apresente benefícios maravilhosos, é normalmente caro, longo e não muito agradável de se fazer.
E apesar destas terapias de purificação serem recomendadas regularmente nos textos ayuvédicos como parte de uma rotina sazonal, se olharmos para o nosso contexto actual, existe uma grande diferença na maneira como vivemos e no que consumimos em termos de alimentos e percepções. A questão aqui é, se realmente não houver uma alteração nas coisas que fazemos diariamente será pañcakarma a solução a longo termo?
Na última década, passei muitos meses no vaidyagrama, um hospital tradicional de ayurveda no sul da Índia e testemunhei resultados maravilhosos com pancakarma. Ao investigar o histórico destas pessoas, em muitos casos, a sua condição poderia, quase com toda a certeza, ter sido evitada por uma alimentação e estilo de vida mais conscientes.
A prevenção é sempre a melhor cura.
Ricardo Barreto