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Escrita e(m) partilha
O tema desta semana que serviu de inspiração aos alunos foi um verso da Bhagavadgītā "V.6.15 – O meditador cuja mente é disciplinada, unindo sempre a mente (a mim) desta maneira, (como foi dito), obtém a paz que está em mim, que é a libertação, o final (da busca)."
Pontes
Estabelecer pontes em três estados físicos e um metafísico:
Terra – paralelismo real com base em solidez,
Água – leveza da fluidez em correnteza de soluções,
Ar – prenúncio de movimentos e avanços,
Emoção – com a crença na promessa em conjugação com a concretização.Aluna: Carla Santos
Palavra
No início
era o verbo.
E o verbo é “Ser”
e Ser é a palavra que tudo contém.E a palavra viaja
num universo a descobrir-se.E a sonoridade da palavra multiplica-se de forma sublime,
e chega a cada um
que já a pode ouvir.A mesma palavra
soando diferente
momento a momento
para ser entendida, digerida, absorvida.A palavra em que meditas, que cria e liberta.
Aluna: Adelina Carvalho
Profundo silêncio
Acedemos às profundezas do nosso ser
Em busca do pacífico interior
Que não vemos no exterior
Silenciosa é esta experienciação
Que nos parece levar a outra dimensãoEm pura contemplação
Somos nada
E somos tudo
Fundimos-nos neste ser consciente
Que afinal é o todo existenteLímpida se torna a nossa mente
Equânime ela fica ao vento dos pensamentos
Deixando fluir as emoções e sentimentosMas e quando a contemplação se prolonga para além desta rotina meditativa
Gerando uma aceitação profunda
Uma paz não expectável
Instalando-se em nós
Numa simplificada tranquilidadeUma questão se eleva na correnteza do ar:
Será isto a libertação?Aluna: Susana Santos
EU
De cabelos brancos
e rugas milenares,
levo-me ao colo
acabada de nascer.Aluna: Adelina Carvalho
Experienciando-me
Expando
Escuto o silêncio
Sons ecoam tal qual meus pensamentosNo sopro o toque
Do meu próprio movimentoBrilham as cores
Reluzindo me em formasNa boca explode
O doce fel do meu próprio néctarExalo a fragrância
Embriagando me do meu aromaProvo-me
Degusto-me
Sacio-meContraio
Sem tampouco voltar
De onde eu nunca saiAluna: Juliana Giarola
Suprimento
Ôoo Krishna,
Grandioso Avatar
Na sua gloriosa graça
Eu quero me encontrarMomento de preparação
Te saúdo, te honro
Reverência totalmente em prostração
ओं क्लीं कृष्णाय नमः । oṃ klīṃ kṛṣṇāya namaḥ |De prontidão eu posso perceber
A travessia que terei que percorrer
Inquietação, devaneios da mente, mundo de Maya, véus da Ilusão.Krishna esteve a ensinar
Como a meditação pode ajudar
para o objetivo maior
que é moksa.A consciência precisa se abrir
Para receber o suprimento que está reservado para ti,
Mas procure compreender,
que é no plano espiritual que Krishna renasce no teu Ser.O suprimento não estar
no dinheiro que condicionamente estás a acumular.
Tão pouco na casa ou carro que sonhas em comprar.É preciso ir além do plano material que está a nos envolver,
Permitindo a magnitude de Sri Krishna conduzi-te.O sonoridade da flauta está a me relaxar, combinado com os sons acústicos dos pássaros, águas dos rios e o vento a soprar.
De repente ocorre a conexão
e me encontro em estado de total rendição.
E onde a mente está a resistir
O pranayama vem diluir.No campo de batalha eu estou
Junto ao mestre que tem Sri. Krishna como condutor.Gratidão, a batalha está travada para a libertação.
Aluna: Aildes Andersen
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Escrita e(m) partilha
O tema desta semana que serviu de inspiração aos alunos é a seguinte fotografia:
Azul profundo
Azul profundo que vai fundo
Em pensamentos submersos,
no nosso consciente difícil de alcançarQue se reflecte,
Nos nossos olhos,
espelhando
o que nos vai a almaAlma que se acalma,
com esta frieza azulada da maresia
Através do branco, côr da paz
Da espuma fugazFrieza que apaga os fogos
Emocionais
Sentimentais
Em momentos vãos de
Certezas de limitação
Incertezas de ilimitacão
Chamando-nos à razãoMas aquela luz alaranjada, que se deita sobre aquele mar infinito
É a nossa estrela guiaQue nos leva mais além a acreditar
Nesta força espiritual
Deste universo sabedor
Merecedor
Da nossa confiança
Da nossa perseverança
Em seguir
Em perseguir
Com determinação
Este ensinamento
Com vista à libertação!Aluna: Susana Santos
Cerúleo
Num vaivém ininterrupto,
cuja acalmia se demorará,
a liquidez transfigura-se…
O cerúleo apresenta-se como o visível e, todavia,
uma réstia de calorosa luz desponta.
Contraste da frieza do momento presente
com o enérgico vindouro!
Sustemo-nos em nós,
de um qualquer modo ritmado,
para o repouso transitório?
Alcançar, demorar-se nessa paz, sem urgir outro lugar qualquer – atingir a nossa essência…Aluna: Carla Santos
Retrospetiva
Em tempos escrevi algo assim
“Que pena meu nome não ser Florbela Espanca
para desenhar num papel
um igual a este,
a minha alma pobre e triste”.Decorreu, desde então,
um pouco mais de meio
século e, muita água correu entre os braços dos rios.Vivi a idade dos porquês
e não foi fácil.
O mundo era,
a meus olhos,
senão a “Feira das Vaidades” a feira das hipocrisias.
Quem me explicava as desigualdades sociais, de género, de raça?
Quem me respondia à pergunta,
Quem sou eu?
De onde vim?
Para onde vou?
Quem me explicava
a fome e a guerra?E a água dos rios
ia correndo.Veio a guerra e eu vivi-a,
Veio a morte e eu vivi-a.
Já não perguntava “porquê”
Tinha crescido
e a pergunta era
“porque não”Os rios levaram as lágrimas até ao mar
e senti a dor do poeta
nas palavras “oh mar salgado quanto do teu sal são lágrimas de Portugal”.Mas as lágrimas secaram
A água lavou-me a alma
e o sol brilhou.As respostas foram chegando.
Continuam as feiras das vaidades e hipocrisias, a fome e a guerra
mas já sei quem sou,
de onde venho,
para onde vou.Ao olhar as águas dos rios e dos mares,
continuo a lamentar
não ser a poetisa
para desenhar,
com palavras,
a minha alma serena e plena.E já não existe o “porquê”
ou “porque não”.Agora existe apenas
“porque sim”Aluna: Adelina Carvalho
TROVEJAR
Em águas tranquilas eu estou a repousar,
Mas não é sempre assim, o mar pode se agitar.Um raio, um forte trovão,
arrepios, impulso e inquietação,
A zona de conforto irá se abalar, com o desafio que está a se apresentar.E o relâmpago está a iluminar,
Toda a escuridão que no céu há ,
e à magia está a ocorrer,
uma fusão, extensão no meu Ser.Que impacto, provocação,
alterando a estrutura dos átomos, ação e reação.
E a tempestade passa a se formar, chuva e vento,
fúria no ar,Crenças limitantes deixam de me influencia e os pensamentos passam a outras frequências alcançar.
Ondas gigantes explodem no mar.Uma força, toma conta de mim.
Energia Yang, frequências afins.Trovejar estrondoso, vapores a se formar,
Os quatros elementos estão a atuar.
Alquimia na Alma, revigorando o existir,
pulsando em cada célula, viva em mim.Conscientização, em cada lampejar uma expansão.
O cardíaco poderá de abrir,
liberando energias estagnadas para o fluir.
Um mar de emoções, sintonias, frequências e vibrações.Metafísica, eu estou a presenciar,
Nesta analogia com a tempestade no mar.Maremoto, limpeza e purificação,
Eu compreendo a Totalidade Cósmica,
Realização.O arco-íris está o céu a colorir,
No final da sua instância o equinócio logo irá surgir.
O revigorar da vida, o bem estar, com a chegada da primavera vem o renovar!Aluna: Aildes Andersen
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Escrita e(m) partilha
O tema desta semana que serviu de inspiração aos alunos é um verso da Bhagavadgītā. आपूर्यमाणमचलप्रतिष्ठं समुद्रमापः प्रविशन्ति यद्वत् । तद्वत्कामा यं प्रविशन्ति सर्वे स शान्तिमाप्नोति न कामकामी ॥ २.७० ॥ āpūryamāṇamacalapratiṣṭhaṁ samudramāpaḥ praviśanti yadvat | tadvatkāmā yaṁ praviśanti sarve sa śāntimāpnoti na kāmakāmī || 2.70 || V.2.70 – Assim como as águas entram no oceano, que permanece (sempre) completamente cheio e inalterado, da mesma forma todos os desejos entram naquele (em quem o conhecimento está bem estabelecido). Essa pessoa obtém a paz (mokṣa), não aquele que tem desejo pelos objetos dos sentidos."
Luminescência
Luminescência em deleite,
sobre a perfumada maresia.
Contrastantes o frio prateado
do tépido horizonte.
O olhar da sapiente idade viaja, atravessando o tempo e o espaço,
em modo de memória como um presente.
Como se a travessia permitisse
um rejuvenescimento temporário,
agitado no torpor do mar
aquecido nas tonalidades do céu.
O que somos nós
senão viajantes no tempo?
As vivências do presente
não mais que mesclas
de teletransporte
do que fomos ontem
e do que seremos amanhã.Aluna: Carla Santos
Plenitude
Muitos acreditam que plenitude é estar
num constante estado de felicidade
desde do amanhecer
até irem se deitar!Onde estarão a viver
no atemporal do espírito
sem nada de aversões ocorrer.Mas eu acredito que plenitude não é isso não!
A plenitude está depois da seguinte compreensão;Eu Sou o Absoluto,
a eternidade a fluir,
Eu Sou o Brahma vivo,
tudo que está a existir.Então, independente do que eu estou a emanar,
a felicidade terás em mim morada e causará bem estar!Mas isso não significa que não me possa ocorrer, momentos em que os espinhos estarão a alerta-me.
Então eu posso ser cometida por uma irritação,
uma tristeza ou mágoa que logo interpreto que não tem constância e lugar no meu coração.O importante é a mente atravessar
e não permitir o ego cheio de desejos e aversões em ti atuar.Eu já entendi que eu não Sou,
esses pensamentos que estão gerando dor,
tão pouco o corpo etéreo que eu estou a utilizar,
igual para a mente que as vezes estás a vagar.Muitas pessoas estão a caminhar,
carregando fardos e muito pesar.
É devido o medo da não aceitação, de adoecerem,
de se enganarem e de serem incrédulas, desmotivação!Mas muitos não sabem
que nada disso tem poder,
para aqueles que estão rendidos e meditando na supremacia do Ser(Brahma).O mar no seu incondicional existir,
faço a analogia em mim.
E por me encontrar
no meu estado imutável, deixando a neutralidade fluir, experiencio a divindade emergi.
Eu sinto uma realização, sem fazer esforço, apenas em pura rendição.Mas muitos estão a acreditar em algo progressivo
e que irá melhorar!
E isso não é Brahma não,
são regras humanas,
Terceira dimensão!Algo simples de compreender
Provavelmente tão simples,
Que muitos acham impossível viver.E nessa Consciência é necessário estar,
somos seres livres,
Verdades a vivenciar!Plenitude é o poder de viver preenchido pelo Brahma verdade
que habita o teu e o meu SER!Aluna: Aildes Andersen
Genuíno Desejo
Desejo é um arder incessante
Um movimento constante
Uma busca inquietante
Um abrir que se expandeQue tudo põe e nada enche
Verdadeiramente o coração da gente
Ponte de vista descontente
A ignorância nada preencheDesejando a base que sustenta
Conheço, nada sai e nada entra
Se transforma, se desenha
A vida assim se alimentaTestemunha que contempla
És paz em meio à tormenta
És existência que mudança aparenta
Mas em essência nada experimentaAluna: Juliana Giarola
Maré sentida
Envoltos nesta maré da vida
Ondas de desejos nos atingem
E nos cegam
FortementeElevam-nos
IrrealisticamenteSalpicam-nos com gotas de promessas
Promessas doces de completude
Juras eternas de felicidadeMas afinal é apenas uma experiencialidade
Finita
EfémeraQue nos traz um sabor amargo, salgado
Frustração latente, sentida
Por fim
Em mimDeixo de resistir
Deixo de desejar
Deixo-me levar por esta corrente
de marés altas e baixas
Desta contínua jornada sem fim.Aluna: Susana Santos
O Jardineiro
Dedos anónimos calejados por memórias brancas,
o Universo em cada poda e na folha seca o Infinito.
Menos humano a cada flor e mais planta a cada pensar,
corria-lhe seiva nas veias como um presente de Deus.
A sua tesoura continha o mundo que vinha e ia com a imobilidade do amor que acolhe sem prender.
Que quererá um Homem depois de conhecer o silêncio?
Sabendo-se sangue, galho e floresta continuou a podar como um pequeno aprendiz.O Caminhante
Vai!
És o caminhante desse teu caminho…
tua jornada,
onde os pés te levam
onde deves chegar.
A um destino,quem sabe,
se longínquo ou já ali.Em cada passo,
uma aventura,
uma história,
um personagem.Atravessas desertos, oceanos, florestas,
onde te defrontas com todos os medos e todos os desejos.Combates em guerras de espada
e guerras de palavras.E,
quando por fim,
sobes a mais alta das montanhas
e sentado, em beatitude,
te deixas permear
por tudo o que te rodeia
a paz acontece,
a verdade surge.Os dragões eram apenas moinhos de vento.
Agora,
já nada te perturba.Aluna: Adelina Carvalho
Saudade
A minha saudade gera amor
Gera solidão
Mas também me dá a certeza que a distância nos faz estar presente consigo sem medo.
Saudade é ter sabedoria que através da verdade você pode sempre viajar e abrandar
A , de novo, saudade !Aluna: Milene Barros
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Escrita e(m) partilha
O tema desta semana que serviu de inspiração aos alunos é a seguinte fotografia:
Memórias de uma infância
Numa linha do agora eu pude novamente está,
para com olhos interior mais contemplativos,
memórias de uma infância longínqua visualizar.
Onde o tempo deixa de existir e somente a eternidade é que está a fluir!O Riozinho
Do lado esquerdo da casa de minha avó paterna escorria um estreito riozinho que
vinha descendo entre as pedras da montanha rochosa! Suas águas eram límpidas e transparentes e com sons agradáveis que, atraía diferentes espécies de borboletas, insetos, como libélula e Aguacil verde e azul, centopeias, sapos, rãs e seus girinos e muitos diferentes tipos de besouros! Um verdadeiro universo de cores e texturas em movimento.
O riozinho estava repleto de girinos que se movimentavam em conjunto, uma dança harmônica que era iluminada pela luz solar.
A menininha estava totalmente entregue a esse momento e observava a primeira fase da vida dos futuros sapos e rãs. Animais muito especiais, verdadeiros cantores noturnos da natureza. Por vezes, a pequena menina adormeceu à noitinha com a
ajuda calmante de suas canções.
Eram tantas maravilhas que os seus olhos estavam a captar. A pequena menina foi uns instantes depois atraída por uma linda borboleta azul-turquesa com pontinhos marrons que eram perceptíveis cada vez que ela abria suas asas no constante vai e vem. A borboleta pousava vez ou outra em algumas flores para se alimentar do néctar.
A criança aproveitava então para contemplá-la. Realmente um lindo ser, uma borboleta enorme e de cor vibrante. O lindo azul- turquesa era contornado por um marrom escuro em zigue-zague.
A pequena foi seguindo a linda borboleta que passou a voar para o lado esquerdo da casa da vovó em direção ao bosque.
Essa pequena menina com o coração cheio de amor e os olhos repletos de luz caminhava descontraída e encantada com a natureza ao seu redor. Muito atenta, ela podia captar lindos detalhes que emergiam diante da perspectiva do seu olhar!
O sol daquela manhã brilhava e aquecia o seu pequeno corpo e também iluminava e vitalizava as cores exuberantes das flores, plantas, árvores, pedras e da pequena trilha de terra vermelha que ela estava a percorrer! Do lado direito da trilha escorria esse riozinho de água doce que entonava um som delicado e relaxante tornando o andar da pequena garotinha ainda mais prazeroso!
A pequena criança se maravilhava a cada curva da trilha. Fazia
muito calor, e, ao olhar para cima, ela se deparou com um céu azul e sem nuvens, o calor intenso provocado pelo sol fazia-a transpirar! Então ela foi ao encontro do pequeno rio e se sentou em suas margens! Ela colocou os seus pezinhos em contato com a água que tinha uma temperatura muito agradável. De repente, reparou que pequenos girinos nadavam em torno de seus pés, e ela se divertia com isso e, ao mesmo tempo, apreciava os diferentes formatos das pedras que foram moldadas pelas águas do rio….O riozinho que estava a deságua,
na sua jornada tranquila para um dia encontrar,
O seu grande destino,
O MAR…Aluna: Aildes Andersen
Água em corrente
Turbilhão permanente
de energia revolta da água
contrastante com a solidez rochosa.
Semelhante dinâmica
presente na nossa vivência…
Quantos revoltos acontecimentos
nos envolveram em assíncronos estados,
contrariando a serenidade do ser?
Não rebatendo mas flexibilizando,
ações, pensamentos, emoções,
qual água contornando desafios pétreos…Aluna: Carla Santos
Rio de serenidade
Serenidade aparente
Da água que corre
Nos seus afazeres em direcção
Aos seus objectivos
Através desta fluidez tão simples, clara e transparente, tão diferente
Do que pensamos ser por vezes
A nossa vivência
Ela corre e flui à sua velocidadeAbraçada pelas suas árvores
amigas de longa data, enraizadas em profundidade em tons de verde esperançaEsperança que este rio cumpra o seu destino, despindo-se de medos, dúvidas, desejos fúteis e inúteis.
Água amparada pelas rochas cinzentas mostrando a equanimidade resultante de experiências que simplesmente são, nós não as somos.E sob este céu, ora azul ora estrelado ora nublado, o rio corre
Nada o impede, de ir de encontro ao seu destino.Aluna: Susana Santos
O segredo das pedras
Cansada de das pedras fugir
Sem nunca de fato adiantar
Humildemente pergunto o que fazem ali
Seu segredo então elas vem me contar:
” Tu és água, nada te pode parar
Seu destino é certo
O oceano vais encontrar
Venho desenhar teu caminho
E no caminho contigo dançar
Se me negas a porta se fecha
E o sofrimento certamente virá
Se me aceita o caminho se abre
Recebendo seu abraço te deixo passar
No caminho que vou desenhando
Tu vens comigo a bailar
No nosso encontro te guio
Até onde de fato quer chegar
Tu és água, nada te pode parar
Seu destino é certo
O oceano vais encontrar”Água….
Fluir é um ir não exigente…
é abraçar o frio e o quente,
é aceitar a dor de um doente,
tão raro no coração da gente.Ó água que ensinas a fluidez,
que me lavas uma e outra vez,
que me tocas sempre sem altivez,
e que removes a embriaguez.Serpenteias sibilando feliz,
partindo pedra, és força motriz!
O Sol e tu juntos…arco-íris!
Ó água Vida, sou teu aprendiz!És gota, gelo e floco de neve.
És onda e também espuma breve.
És chuva que me molha ao de leve,
És o que és para quem te escreve.Manifestação de Algo maior,
Algo profundamente anterior,
chamado de Poder superior,
o mais íntimo e interior.Sentidos
Deitada na erva macia,
sinto que a terra me aconchega num abraço materno
e deixo-me embalar .Fundo-me nesta terra
em que as raízes não prendem,
apenas seguram, amparam.O sol, num toque suave de amante, acaricia-me o corpo.
Fecho os olhos…
Ouço o ondular das árvores no ritmo suave do vento, o chilrear dos pássaros, o zumbir das abelhas e nos lábios… tenho o sabor a mel.Um riacho corre, feliz, no seu leito por vezes tortuoso.
O seu linguajar relaxa
e convida a um diálogo intimista, de quem sabe onde chegarO odor a terra e a flores
inebriam-me os sentidos.Abro os olhos
e tudo à minha volta é pleno, harmonico
numa ordem precisa
de uma Causa Maior.E bendigo esses sentidos
que me permitem ser o
instrumento deste TEU experiênciar.Aluna: Adelina Carvalho