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ज्योतिष – JYOTIṢA -Parte II
Antes de prosseguimos pelos caminhos luminosos do jyotiṣa, convém começar por entender as diferenças existentes entre o zodíaco sideral, no qual o jyotiṣa se baseia, e o zodíaco tropical, base da astrologia ocidental.Começo por enfatizar que ambos os sistemas funcionam muitíssimo bem, de acordo com pressupostos distintos.A grande diferença entre as duas astrologias consiste na utilização de diferentes sistemas zodiacais.
O sistema védico, ou “astrologia sideral” é uma representação astronómica da posição do Sol em relação ao Céu, enquanto a astrologia ocidental, ou “astrologia tropical” enfatiza a relação do Sol com a Terra.Na astrologia sideral, os planetas e os seus movimentos são estudados e examinados tendo por base a posição das estrelas fixas e, por esse motivo, favorece a posição astral.A astrologia tropical beneficia o ponto de vista da Terra, estudando e avaliando os planetas e seus movimentos em referência aos equinócios.Assim, presume-se que o Sol esteja a zero graus do signo de Carneiro no Equinócio da Primavera. Desta forma, todos os outros planetas são ajustados para uma posição teórica com base nas estações observáveis e não representam a posição real dos planetas no céu em relação às estrelas.
Há cerca de 2000 anos, as duas astrologias coincidiam e o signo de Carneiro começava quando o Sol efetivamente entrava em Carneiro, ou seja, quando os signos tropicais e as constelações estavam na mesma posição.Devido ao fenómeno da “Precessão dos Equinócios”, que era conhecido na era védica, os signos tropicais sofreram um afastamento das constelações, o que se traduz hoje numa diferença de cerca de 24º (vinte e quatro graus) relativamente ao início do ano astrológico, entre um e outro sistema.
No Equinócio Vernal (Primavera), o Sol visto da Terra não está no mesmo ponto contra o fundo das estrelas fixas em relação ao ponto onde se situava na mesma época um ano atrás. Ele chega ao ponto do equinócio vernal uma fração mais cedo, tornando o ano sazonal cerca de 20 minutos mais curto do que o ano sideral.Isso ocorre porque a Terra balança como um topo conforme gira em torno do Sol devido à sua leve inclinação. O eixo polar não aponta para a mesma estrela ao longo de uma órbita ao redor do Sol, ele desloca-se ligeiramente para trás. Como a direção da oscilação em torno do eixo da Terra está em oposição ao Sol, parece que o ponto vernal está se movendo para trás através dos 12 signos (traçando um cone imaginário). Isso é chamado de Precessão do Equinócio e o processo é tão lento, que o movimento é de cerca de um grau por 72 anos ou leva quase 2.160 anos para regredir através de um signo inteiro e 25.920 anos para traçar uma forma semelhante a um cone (ver figura abaixo).Devido a este fenómeno, hoje, o 1º grau de Carneiro na astrologia ocidental corresponde aproximadamente a 7º do signo de Peixes na astrologia védica.
Maria João Coelho
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ज्योतिष – Jyotisha – Parte 1
I – Origem e Fundamentos
A palavra jyotisha vem da palavra jyoti que significa luz, ou corpo celeste. Desta forma o jyotisha é definido como o estudo das luzes, ou seja, o estudo dos ciclos dos corpos celestes e os seus efeitos na vida de todos os seres.Em termos simbólicos, a luz é vista como o princípio divino da vida, pois onde não existe luz não existe vida. Tal como a luz dissipa a escuridão, a luz do conhecimento dissipa a ignorância.Estima-se que o jyotisha se tenha começado a desenvolver por volta do terceiro milénio antes de Cristo, no vale do Indo, com base em certas passagens contidas do ṛgveda. Na medida em que este conhecimento surge nos Vedas, é também denominado de astrologia védica. Porém, o primeiro texto que fala diretamente sobre o assunto é o Vedāṇgajyotisha, do sábio Laghada, que data de aproximadamente 1900 a.C. Nesse texto podemos ver que o conhecimento astrológico e astronómico da época se restringia ao cálculo de calendários e a eleição de momentos auspiciosos para a realização de certas atividades religiosas. Inclusive, signos, planetas e casas não eram ainda considerados nesse período, mas apenas os nakṣatras e os luminares – Sūrya e Chandra.
Um dos fundamentos principais do jyotisha está presente na afirmação “o que há no macrocosmo está também presente no microcosmo”. O céu que vemos acima de nós, com suas estrelas e grahas (planetas) errantes, refletem o nosso próprio espaço interior, com todos os seus elementos em movimento contínuo. Por outras palavras, todos os movimentos do macrocosmo, pela lei da sincronicidade, refletem os movimentos do microcosmo. Por isso é possível, pelo estudo dos ciclos dos grahas, compreendermos os nossos próprios ciclos pessoais. Assim, é possível entender que existe uma analogia entre os movimentos do céu e os eventos na Terra.
O jyotisha baseia-se também na lei do karma. Tudo no universo está sob o controle do karma e é por meio dos três corpos, o grosso (sthula–śarīra), o subtil (sukṣma–śarīra) e o causal (karaṇa–śarīra), que o karma aprisiona os seres às suas leis desde um tempo sem princípio, condicionando o jīva (indivíduo) aos três guṇas, o que o leva consequentemente ao enredamento no ciclo de repetidos nascimentos e mortes (saṁsāra).Com base em dados e cálculos astronómicos, é possível analisar, medir e concluir acerca dos eventos e respetivos efeitos na vida passada, presente e futura de um indivíduo.O karma que estudamos num mapa astrológico é o prārabdhakarma, ou seja, aquela porção que amadureceu, o karma que nos fez reencarnar e que determina o nosso destino atual. O prārabdha nada mais é do que o somatório de frutos do karma passado a serem experienciados nesta vida, por meio dos sentidos que se agruparam num novo corpo. O astrólogo, estuda, principalmente este tipo de karma.
“Quando uma pessoa, através do seu corpo atual, termina de experimentar os frutos de suas ações em vidas passadas – prārabdha-karma –, a sua morte é certa. Após a morte, ela inevitavelmente nascerá novamente para poder experimentar os resultados das ações de sua vida anterior. Ninguém pode escapar do inevitável ciclo de nascimento e morte.”
Śrīla Viśvanātha Chakravarti Ṭhākura (Séc.XVII)Na medida em que o jyotisha se baseia na compreensão das causas do sofrimento, na tomada de consciência acerca do karma e na aceitação do destino, funciona também como um sistema holístico de cura. Esta visão espiritual da vida é fundamental no jyotisha e está bem presente nos textos clássicos, tais como Bṛhat Jātaka, Sārāvalī, Phaladīpikā e Jātaka Pārījāta, que são descritos pelos paṇḍitas do jyotiṣha como os quatro textos mais importantes. O livro Brihat Parashara Hora Shastra é também um livro fundamental do jyotisha.
Dentro do jyotisha, podemos encontrar três secções distintas ou skandhas: siddhānta, horā e saṁhitā.Horā é a seção genetlíaca ou natal da astrologia a qual Maitreya, discípulo de Parāśara, se refere como sendo superior. Consiste na interpretação dos dados objetivos, a compreensão daquilo que os grahas (planetas), bhāvas (casas), rāśis (signos), nakṣatras (asterismos), etc., representam. Horā divide-se em vários membros como horóscopo (jātaka), horária (praśna), eletiva (muhūrta) e uma parte do estudo de sinais (nimitta).Jātaka, a astrologia natal, é a aquela que mais me fascina e com a qual trabalho no meu dia-a-dia. Falarei mais em pormenor em textos posteriores.Maria João Coelho
Bibliografia:http://hora-sastra.blogspot.com/“Light on Life”, Hart de Fouw & Robert Svoboda”The Essentials of Vedic Astrology”, Komilla Sutton