Sinastria ānukūlya

ज्योतिष – JYOTIṢA

Sinastria (ānukūlya)

A palavra ānukūlya tem como significado aquilo que é favorável, aquilo que é adequado. Desta forma,
esta técnica da astrologia indiana, no ocidente conhecida como sinastria, tem como objetivo analisar o
grau de compatibilidade entre duas pessoas, especificamente entre casais, através da análise individual
e conjunta dos seus mapas natais.


Kāma, a satisfação sensorial, é um dos quatro objetivos do ser humano (puruṣārtha). No entanto, para
obter kāma, é ideal a existência do casamento ou alguma situação similar. O próprio desejo sexual é
essencial para a manifestação de novas vidas, pelo que uma vida conjugal pode e deve ser algo muito
auspicioso.


A vida em família, gṛhāstha, através da prática do karma yoga, é uma das mais bonitas formas que o ser
humano tem ao seu alcance para ganhar a maturidade emocional e a purificação da mente, para poder
estar apto para o autoconhecimento, para o estudo do “Eu” ilimitado. É desejável que possamos, neste
caminho em família, estar acompanhados de alguém que nos compreenda, respeite, possua valores
semelhantes e nos apoie neste caminho. Para tal, é muito importante que possa existir harmonia entre
o casal em diversas áreas da sua vida.


Através desta técnica, conseguimos compreender se a experiência afetiva será boa ou não. Convém
frisar que, embora esta técnica seja aplicada essencialmente a casais, ela pode ser utilizada para
verificar compatibilidade entre pessoas com diferentes vínculos familiares, de amizade ou mesmo
profissionais.


Desta forma, a sinastria implica analisar, em primeiro lugar, o mapa individual de cada pessoa, pois é
neste mapa que observamos as tendências mais ou menos favoráveis da experiência afetiva dessa
pessoa, os seus padrões kármicos de relacionamento. A análise do mapa natal individual revela as
promessas natais do indivíduo nessa área, pelo que será sempre prioridade face à análise conjunta. A
conjugação nunca se poderá sobrepor às promessas do mapa de cada um.


Assim, o estudo começa com a análise individual do mapa de cada um dos membros do casal, com o
estudo das casas astrológicas relacionadas com o tema e com o estudo dos significadores de
relacionamento. Através deste estudo, podemos concluir acerca da duração dos relacionamentos, do
número de relacionamentos, da tendência para divórcio e/ou viuvez, da fidelidade e /ou adultério, da
natureza dos parceiros ou parceiras.


O passo seguinte é, então, a sinastria. Esse tipo de análise envolve, tradicionalmente, aṣṭa ou daśa-kuta,
(técnica que analisa oito ou dez itens distintos), todos inferidos a partir do rāśi (signo) e nakṣatra
ocupado por Chandra (Lua) nos mapas dos casais. O mais utilizado é o modelo do sul da Índia, o daśa-
kuta. (analisa: rāśi, rāśyadhipati, vaśya, mahendra, gaṇa, yonī, dina, strī-dīrgha, rajju e vedha).
A técnica da sobreposição de jātakas (mapas natais), é mais contemporânea, mas extremamente eficaz
para evidenciar as dinâmicas relacionais, através dos relacionamentos estabelecidos entre os grahas
(planetas) de duas pessoas.

Aqui analisam-se variadíssimas conexões entre os principais significadores do mapa de cada um, sendo
as principais as que se estabelecem entre o lagna (ascendente), Chandra (lua), Sūrya (sol) e Śukra
(vénus).
Quanto mais e harmoniosas conexões se estabelecerem entre estes significadores, maiores as hipóteses
de existir harmonia entre o casal a diversos níveis: emocional, intelectual, capacidade de comunicar,
forma de expressar amor, semelhança de educação e valores, entre outros.


Como é natural, na maior parte das vezes deparamo-nos com um misto de conexões harmoniosas e
menos harmoniosas, o que se traduz em relacionamentos mais desafiantes, mas com potencial de
crescimento, caso haja maturidade nos dois elementos do casal.
Para além disso, existe sempre a possibilidade da utilização de upāyas (remédios astrológicos), para
casar/ relacionar-se e preservar relacionamentos.


Para além da prática do mantra pessoal e do autoconhecimento, é dito que é favorável o estudo dos
kāma-śāstras, seguir as recomendações do āyurveda no que diz respeito à vida sexual e afetiva, realizar
vratas como o Soma-vrata, Kātyāyaṇī-vrata, recitar o Svayaṁvara Pārvatī mantra e ainda escutar a
narração do casamento de Śiva e Pārvatī, conforme o Śiva-purāṇa.


Hari Om
Maria João Coelho

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