Escrita e(m) partilha
O tema desta semana que serviu de inspiração aos alunos é a seguinte fotografia:
Memórias de uma infância
Numa linha do agora eu pude novamente está,
para com olhos interior mais contemplativos,
memórias de uma infância longínqua visualizar.
Onde o tempo deixa de existir e somente a eternidade é que está a fluir!
O Riozinho
Do lado esquerdo da casa de minha avó paterna escorria um estreito riozinho que
vinha descendo entre as pedras da montanha rochosa! Suas águas eram límpidas e transparentes e com sons agradáveis que, atraía diferentes espécies de borboletas, insetos, como libélula e Aguacil verde e azul, centopeias, sapos, rãs e seus girinos e muitos diferentes tipos de besouros! Um verdadeiro universo de cores e texturas em movimento.
O riozinho estava repleto de girinos que se movimentavam em conjunto, uma dança harmônica que era iluminada pela luz solar.
A menininha estava totalmente entregue a esse momento e observava a primeira fase da vida dos futuros sapos e rãs. Animais muito especiais, verdadeiros cantores noturnos da natureza. Por vezes, a pequena menina adormeceu à noitinha com a
ajuda calmante de suas canções.
Eram tantas maravilhas que os seus olhos estavam a captar. A pequena menina foi uns instantes depois atraída por uma linda borboleta azul-turquesa com pontinhos marrons que eram perceptíveis cada vez que ela abria suas asas no constante vai e vem. A borboleta pousava vez ou outra em algumas flores para se alimentar do néctar.
A criança aproveitava então para contemplá-la. Realmente um lindo ser, uma borboleta enorme e de cor vibrante. O lindo azul- turquesa era contornado por um marrom escuro em zigue-zague.
A pequena foi seguindo a linda borboleta que passou a voar para o lado esquerdo da casa da vovó em direção ao bosque.
Essa pequena menina com o coração cheio de amor e os olhos repletos de luz caminhava descontraída e encantada com a natureza ao seu redor. Muito atenta, ela podia captar lindos detalhes que emergiam diante da perspectiva do seu olhar!
O sol daquela manhã brilhava e aquecia o seu pequeno corpo e também iluminava e vitalizava as cores exuberantes das flores, plantas, árvores, pedras e da pequena trilha de terra vermelha que ela estava a percorrer! Do lado direito da trilha escorria esse riozinho de água doce que entonava um som delicado e relaxante tornando o andar da pequena garotinha ainda mais prazeroso!
A pequena criança se maravilhava a cada curva da trilha. Fazia
muito calor, e, ao olhar para cima, ela se deparou com um céu azul e sem nuvens, o calor intenso provocado pelo sol fazia-a transpirar! Então ela foi ao encontro do pequeno rio e se sentou em suas margens! Ela colocou os seus pezinhos em contato com a água que tinha uma temperatura muito agradável. De repente, reparou que pequenos girinos nadavam em torno de seus pés, e ela se divertia com isso e, ao mesmo tempo, apreciava os diferentes formatos das pedras que foram moldadas pelas águas do rio….O riozinho que estava a deságua,
na sua jornada tranquila para um dia encontrar,
O seu grande destino,
O MAR…
Aluna: Aildes Andersen
Água em corrente
Turbilhão permanente
de energia revolta da água
contrastante com a solidez rochosa.
Semelhante dinâmica
presente na nossa vivência…
Quantos revoltos acontecimentos
nos envolveram em assíncronos estados,
contrariando a serenidade do ser?
Não rebatendo mas flexibilizando,
ações, pensamentos, emoções,
qual água contornando desafios pétreos…
Aluna: Carla Santos
Rio de serenidade
Serenidade aparente
Da água que corre
Nos seus afazeres em direcção
Aos seus objectivos
Através desta fluidez tão simples, clara e transparente, tão diferente
Do que pensamos ser por vezes
A nossa vivência
Ela corre e flui à sua velocidadeAbraçada pelas suas árvores
amigas de longa data, enraizadas em profundidade em tons de verde esperançaEsperança que este rio cumpra o seu destino, despindo-se de medos, dúvidas, desejos fúteis e inúteis.
Água amparada pelas rochas cinzentas mostrando a equanimidade resultante de experiências que simplesmente são, nós não as somos.E sob este céu, ora azul ora estrelado ora nublado, o rio corre
Nada o impede, de ir de encontro ao seu destino.
Aluna: Susana Santos
O segredo das pedras
Cansada de das pedras fugir
Sem nunca de fato adiantar
Humildemente pergunto o que fazem ali
Seu segredo então elas vem me contar:
” Tu és água, nada te pode parar
Seu destino é certo
O oceano vais encontrar
Venho desenhar teu caminho
E no caminho contigo dançar
Se me negas a porta se fecha
E o sofrimento certamente virá
Se me aceita o caminho se abre
Recebendo seu abraço te deixo passar
No caminho que vou desenhando
Tu vens comigo a bailar
No nosso encontro te guio
Até onde de fato quer chegar
Tu és água, nada te pode parar
Seu destino é certo
O oceano vais encontrar”
Água….
Fluir é um ir não exigente…
é abraçar o frio e o quente,
é aceitar a dor de um doente,
tão raro no coração da gente.Ó água que ensinas a fluidez,
que me lavas uma e outra vez,
que me tocas sempre sem altivez,
e que removes a embriaguez.Serpenteias sibilando feliz,
partindo pedra, és força motriz!
O Sol e tu juntos…arco-íris!
Ó água Vida, sou teu aprendiz!És gota, gelo e floco de neve.
És onda e também espuma breve.
És chuva que me molha ao de leve,
És o que és para quem te escreve.Manifestação de Algo maior,
Algo profundamente anterior,
chamado de Poder superior,
o mais íntimo e interior.
Sentidos
Deitada na erva macia,
sinto que a terra me aconchega num abraço materno
e deixo-me embalar .Fundo-me nesta terra
em que as raízes não prendem,
apenas seguram, amparam.O sol, num toque suave de amante, acaricia-me o corpo.
Fecho os olhos…
Ouço o ondular das árvores no ritmo suave do vento, o chilrear dos pássaros, o zumbir das abelhas e nos lábios… tenho o sabor a mel.Um riacho corre, feliz, no seu leito por vezes tortuoso.
O seu linguajar relaxa
e convida a um diálogo intimista, de quem sabe onde chegarO odor a terra e a flores
inebriam-me os sentidos.Abro os olhos
e tudo à minha volta é pleno, harmonico
numa ordem precisa
de uma Causa Maior.E bendigo esses sentidos
que me permitem ser o
instrumento deste TEU experiênciar.
Aluna: Adelina Carvalho