ज्योतिष – JYOTIṢA –  Ketu

Este mês, com Ketu, terminamos o tema dos navagraha (9 planetas), que nos acompanhou durante os últimos meses.

Por ter muito em comum com Rahu, e porque muitos poderão não ter tido oportunidade de ler a edição da newsletter sobre Rahu, tudo o que é comum a ambos, inclusive a história mitológica que lhes está associada, volta a estar presente aqui neste texto, nesta parte inicial.

Ketu e Rahu (este último foi abordado na última edição), são os chamados chāyā grahas, ou planetas sombra/invisíveis, pois não possuem corpo físico. Correspondem aos pontos astronómicos no céu chamados de nodo norte da Lua ou cabeça do dragão (Rahu) e nodo sul da Lua ou cauda do dragão (Ketu). Fazem parte do eixo kármico das nossas vidas – uma espécie de ligação invisível entre vidas passadas e os nossos dilemas psicológicos desta vida atual. Estes pontos, os nodos lunares, são os lugares de interseção entre a órbita da Lua e a órbita aparente do Sol – o caminho simbólico traçado pelo astro rei no decorrer do ano, tendo como ponto de referência a observação aqui da Terra.  Nos dois pontos em que as trajetórias lunar e solar se cruzam, são delimitados o Nodo Norte (Rahu) e o Nodo Sul (Ketu). Nestes pontos acontecem os chamados eclipses solar ou lunar. O eclipse Solar ocorre durante a Lua Nova, quando o Sol está em exato alinhamento com a Terra e a Lua está mais ou menos 18° distante dos Nodos; o eclipse Lunar acontece quando a Terra está em exato alinhamento entre a Lua Cheia e o Sol, e a Lua está mais ou menos 11° distante da posição nodal.

Os Nodos são exatamente contrários, diametralmente opostos. Se o Nodo Norte está em Áries (Carneiro), por exemplo, o Nodo Sul estará em Libra (Balança), que é o signo oposto.

São considerados inimigos do Sol e da Lua, pois no momento dos eclipses, eles escurecem o céu, tirando todo e qualquer brilho, luz e força a estes. Estes momentos de eclipse (grahaṇa), são bastante poderosos e transformadores, normalmente relacionados com mudanças, inícios e finais.

Existe uma história da mitologia védica que está associada ao surgimento de Rahu e Ketu:

“O Simbolismo do Oceano de Leite e o Néctar da Imortalidade”

“Para descobrir o néctar da imortalidade, devas e asuras resolveram se juntar para bater o Oceano de leite. Pegaram uma montanha e colocaram no meio do oceano. Amarraram uma cobra no meio e cada um deles puxou de um lado fazendo a cobra como corda para que, assim, a montanha batesse o oceano de leite.  Começaram a bater e coisas lindas e maravilhosas surgiram desse oceano de leite. As coisas que foram surgindo e foram sendo divididas entre eles. Porém, antes de surgirem essas coisas lindas, surgiu um veneno. O veneno (halahalā) começou a se espalhar pela superfície do oceano e a matar todos os seres do oceano. Devas e asuras assustados, chamaram Shiva para resolver a situação. Ele resolveu tomar o veneno inteiro. Após ele tomar, Uma, apertou o seu pescoço que começou a ficar a azul (nīlakaṇṭha). Então eles continuaram a bater e bater.

Finalmente conseguiram o Amrita, o néctar da imortalidade. Assim que apareceu esse Amrita, os asuras o roubaram e fugiram com o veneno. Os Devas então chamaram Vishnu para restaurar a harmonia. Vishnu transformou-se numa mulher linda, chamada Mohini e assim apareceu entre os asuras e todos ficaram surpresos e maravilhados e começaram a ouvi-la. Ela então sugeriu que poderia ela mesma distribuir o néctar. Atônitos com rara beleza, obviamente os asuras aceitaram a proposta e logo Mohini começou a distribuir o néctar entre todos, devas e asuras.

O plano dele era distribuir entre os devas e quando chegasse a vez dos asuras ele diria que o acabou o néctar. Mas entre os asuras havia um espertinho que entrou na fila dos devas para receber o néctar. Então, quando a primeira gota caiu em sua boca, Vishnu se deu conta, mas a gota já havia caído. Ele jogou seu disco e cortou a cabeça do asura. Mas como o asura bebeu o néctar, ele já era imortal. Então a Cabeça foi para um lado e o corpo para o outro: estes são Rahu e Ketu. Cabeça do dragão e cauda do dragão, que estão presentes na astrologia védica.

Detalhe, na hora que Mohini estava distribuindo o néctar, a lua e o sol estavam lá e se deram conta de que o asura não era deva e o denunciaram para Vishnu. O asura viu e ficou com raiva. E por isso eles, divididos, Rahu e Ketu, tiram o brilho do sol e da lua de vez em quando, causando os eclipses.”

Retirado de www.vidadeyoga.com.br (Tales Nunes) (Texto baseado em aulas de Marília, do Centro de Estudos Vidya Mandir www.vidyamandir.org.br)

Nos textos clássicos, Ketu é descrito da seguinte forma: “Os olhos de Ketu são avermelhados e a sua aparência é feroz. Sua língua é venenosa, o corpo elevado, ele porta armas e é um pária. O seu corpo é da cor do fumo, está sempre a fumar, tem marcas de feridas, é magro e brutal por natureza.”

Ketu é a cauda da serpente, a outra metade da serpente e é um corpo sem cabeça. Enquanto Rahu é obsessivo com a vida material, Ketu procura a libertação. São opostos. Ketu consegue ver a essência de tudo, mas é insatisfeito com os aspetos materiais do mundo, buscando a renúncia e a transcendência. Enquanto que Rahu é muito ativo e extravagante, Ketu é passivo e introvertido. Devido à sua retração, constante insatisfação e com tendência para a dúvida, Ketu tem medo de avançar e então estagna.

Dado à contemplação e ao recolhimento, Ketu é dotado de um controlo obsessivo, mas como lhe falta iniciativa, o seu descontentamento pode gerar efeitos muito negativos, principalmente na casa do mapa onde se situa, tal como quando ativado por trânsito a fazer algum aspeto importante no mapa natal (tal como Rahu), sobretudo se a pessoa não vivenciar a espiritualidade na sua vida.

Outros nomes para Ketu são: Śikhi, Dhūma, Mṛtyuputra, Dhvaja.

Em termos de associação com uma deidade, associa-se Ketu a Gaṇeśa.

Outras caraterísticas de Ketu

É do género feminino, de natureza vāta, krūra(cruel) e tamas (inércia, escuridão). Está associado ao elemento ar (vāyu) e engloba varṇas mistas. Está associado à cor de nevoeiro.

Não rege nenhum rāśi (signo) e não se exalta nem se debilita em nenhum rāśi (embora existam correntes astrológicas que consideram que sim, eu sigo opiniões de astrólogos, com as quais concordo, que não consideram). É significador do bhāva 12, bhāva de mokṣa, pois é significador de temas como renúncia, libertação, transcendência.

O seu movimento é bastante lento e retrógrado, transitando cerca de um rāśi (signo) a cada ano e meio.

 As melhores posições por casa (bhāvas) num mapa para Ketu são os bhāvas 3, 6, 10 e 11.

Alguns dos seus principais significados são: mokṣa, renúncia, isolamento, experiências místicas, silêncio, contemplação, ilusão, sensibilidade, mudanças, dúvidas, enganos, práticas espirituais austeras, conhecimento oculto, intuição, desapego, qualidades obtidas numa vida anterior.

Algumas caraterísticas positivas associadas a Ketu são: intuição, contemplação, compaixão, espiritualidade, desapego, introversão, capacidade de renúncia, autocontrolo.

Algumas caraterísticas negativas associadas a Ketu são: ilusão, desequilíbrio, impulsão, fanatismo, extremismo, apatia, descontrolo, desmotivação, passividade, antissocial, falta de rumo.

Ketu, tal como Rahu está associado às doenças de vāta, doenças do foro psicológico, loucura, doenças incuráveis e / ou de difícil diagnóstico, lepra, problemas com espíritos e fobias, medos, envenenamentos e picadas de animais como serpentes e escorpiões, assim como problemas de audição, da fala e infeções virais.

Hari Om

Maria João Coelho

Imagem – fonte: https://www.gemstoneuniverse.com/

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